23 maio 2014

Voe, mas volte.





Poderia ter sido numa fila de show. No cinema. Ou, talvez, quem sabe, numa livraria, já que eu e você somos amantes dos livros. Mas não foi nada disso. O amigo do melhor amigo. Foi assim que te conheci, através de pontes, num ambiente nada romântico: a escola. O começo, ah, o começo, nada mais do que um conhecido. O meio, ah, o meio, tornou-se muito mais do que isso. 

Você sabe. Todos os dias eram conversas e mais conversas, sobre os assuntos mais diversos. De literatura ao almoço do dia. De superficialidades à coisas com conteúdo, realmente. Todos os dias. Quem disse que isso era um sacrifício?! Está muito enganado se assim pensaram. Era uma das maiores alegrias do dia. Como se o Pote de Alegria ficasse mais completo, com as nossas conversas. Mas as pessoas esmorecem, se vão.Ou tentam ir. 

Quase nunca as deixo partir. Sinto-me como uma dona de um passarinho, que gosta tanto dele, que não vê mais a possibilidade de deixá-lo livre para voar. A gaiola se fecha. Ele adoece e, consequentemente, você se torna a vilã. Ora, voe, passarinho. Seu lugar é a liberdade. Mas isso se torna incompreensível quando se - acha que - tem um amor. Queremos ele ali, constantemente, ao nosso lado, nos completando.

Já nascemos completos, essa é a verdade. Porém, a verdade sempre é a mais difícil de ser dita ou falada. Na verdade, seu silêncio tornou-se presença constante. Nenhuma palavra dita, mas vários sentimentos ou respostas no ar. Ah! Ele não quer mais falar comigo! Ah! Ele não gosta mais de mim! Ah, ah...que vontade de me debulhar em lágrimas. Não posso libertá-lo! Aqui tem tudo que ele precisa: amor, cuidado, carinho, paixão, amizade. São os ingredientes mais importantes, não são?! Não são. Onde está a tal liberdade no meio de tudo isso? Ah, poxa, mas a falta de uma pitada de liberdade não vai fazer falta...a receita já tem quase todos os ingredientes e...

Faz falta. Muita falta. O amor é, antes de tudo, liberdade. Aceitação. Mas antes de aceitar tudo isso, quero deixar bem claro que as portas sempre estarão abertas. Para ir e voltar. Em suma: não suma. Você já tornou-se o ingrediente principal da minha vida.

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