28 julho 2014

Na orelha do livro: Clarice Lispector

Hoje inicia-se uma série de posts sobre a história de autores e autoras de todos os lugares. Com a intenção de conhecer mais sobre cada um deles e ir além das palavras escritas pelos mesmos. Hoje é dia de falar sobre uma das minhas preferidas: Clarice Lispector! Ou melhor, Clarice.

Nascida no dia 10 de dezembro de 1920, na cidade de Checheinyk, na Ucrânia, Clarice mal sabia que a sua estrela começara a brilhar naquele momento. Em 1925, sua família muda-se para Recife, onde aprendeu a ler e escrever. Um tempo depois, sua mãe morre, e com isso, muda-se para o Rio de Janeiro. Os anos se passaram e, com ele, seu pai se fora também. Vista sozinha, dá espaço para a melancolia, senta-se, liga a máquina de escrever e daquela mesa, café matinal e cigarro, nascem diversos contos. Talvez, o começo de uma intensa produção, mas, segundo Clarice, ela começou desde sempre. Trabalhou como jornalista e nunca considerou-se escritora. "Eu só escrevo quando eu quero. Sou uma amadora e faço questão de continuar sendo amadora". Aos 23 anos, publicou seu primeiro livro: "Perto do coração selvagem", mesmo tendo outros textos e crônicas publicados em revistas e jornais. As obras foram chegando aos leitores e entendidas por uma parcela. "Entender não é uma questão de inteligência. É uma questão de sentir", disse Clarice. 

Hoje, sua obra mais comentada se chama "A hora da estrela". Conta história de Macabéa, uma nordestina perdida no mundo carioca, datilógrafa e completamente pobre. Inocente e ignorante, não vive. Apenas sobrevive. E, ainda custa sonhar um amor para si. Encontra um rapaz de Alagoas, com sentimentos opostos a Macabéa. Em dado momento da história, ela vai até uma cartomante, onde há a revelação da sua hora de brilhar. O livro também virou filme com direção de Suzana de Amaral. 

Um dia antes de completar 57 anos, morre de câncer. Escreveu 28 livros, traduzida em 15 idiomas. E, hoje, cada leitor leva consigo um traço, uma sobrancelha arqueada, um lugar e mais de um sentimento que se propaga em todo lugar.


Uma mulher que não pertence à nenhum lugar, nenhuma terra, nem mesmo a que a cobre hoje. Imagino-a com os pés findados no chão, cansada de si, buscando uma explicação na perfeita linha do horizonte.

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