20 maio 2014

Peça "Do Tamanho do Mundo"

Eu sei o que você está pensando. Ou ao menos eu acho que sei. Mas vou logo lhe adiantando: "Do Tamanho do Mundo" é muito mais do que  "peça do ator que interpretou Félix".

O que você faria se acordasse tendo uma chance estranha de recomeçar? Se, de repente, você se perguntasse sobre sua profissão, sua comida preferida, como amarrar os seus sapatos?

Arnaldo (Mateus Solano) é um homem comum, nada extraordinário. Ele tem uma esposa, trabalha de terno e gravata e... basicamente só. Até que, em um dia qualquer, Arnaldo acorda e percebe que não sabe mais como andar. Após inúmeras tentativas, vai, aos poucos, reaprendendo a dar passos – com a ajuda de sua esposa, Marta (Karine Telles). A partir de então, desse esquecimento um tanto quanto atípico, vão se somando outros vários esquecimentos e, com isso, Arnaldo começa a entrar em uma espécie de colapso. Ele não consegue mais se lembrar de como se tornou aquele homem de vida morna e rotineira e não entende o porquê de não estar mais tocando em sua banda, da qual tanto gostava. Chega, inclusive, a questionar-se do porquê ter que tomar café da manhã se estava com vontade de beber uma taça de vinho àquela hora.




Paralelo à isso, há a presença de um narrador (Alcemar Vieira) que a todo momento está dando pitaco sobre as atitudes de Arnaldo, enchendo a cena de humor negro e tornando a peça ainda mais dinâmica, considerando que a cada vez que aparece está em um lugar diferente (seja no meio da platéia, perto do palco ou, às vezes, no próprio palco, entre os personagens – que continuam interpretando).

No desdobrar da peça, Arnaldo percebe que as escolhas que fez para a sua vida, na realidade, não haviam sido suas. É como se ele tivesse sido, durante todo esse tempo, um robô movido pela sociedade e apenas agora se dá conta disso. Ele percebe que não deve viver em uma rotina automatizada, a qual o torna um mero repetidor, e não o autor de sua própria vida. Arnaldo deve seguir as suas vontades. Mas a sua vontade não é ficar atrás de uma mesa de escritório, é de continuar com a sua antiga banda, é de viajar pelo mundo, é de... viver. Ele pode realizar todas essas suas vontades "impossíveis"? Ou a pergunta certa seria: por que ele não poderia?

No fim, a moral que a peça nos deixa é de que sempre é possível escapar da rotina e recomeçar do zero, para finalmente vivermos os nossos sonhos, ao invés de obedecer às "regras" que a sociedade nos impõe.

Eu tive o imenso prazer de ter assistido a essa peça extraordinária (em São Paulo, dia 10 de maio, no hotel Renaissance) e, além disso, ainda pude parabenizar pessoalmente o Mateus Solano (infelizmente não encontrei os outros atores). "Parabéns. A peça é inspiradora", eu disse. "Owwnn, adorei!!!", foi o que ele respondeu, com um largo sorriso estampado no rosto. Tiramos uma foto (essa aí de baixo), juntamente com a minha família e a minha amiga, Ana Karla (da esquerda para a direita: minha irmã – e também cronista do blog , Ana Karla, Mateus Solano, eu, meu pai e minha mãe). E eu não posso deixar de frisar o quanto o Mateus Solano é assustadoramente simpático e humilde. Ele, sem dúvidas, é merecedor de todo o sucesso e reconhecimento que está tendo.








Saí de lá com a sensação de que sou do tamanho do mundo!

"O texto é da atriz e produtora Paula Braun, esposa de Mateus Solano. A direção é de Jefferson Miranda. O cenário, de Cristina Novaes, é a varanda de uma casa, com árvores e um gramado, onde se passa a ação. A direção musical é de Felipe Storino, o figurino de Antônio Medeiros, a luz de Felipe Lourenço e a preparação corporal de Toni Rodrigues."

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