18 outubro 2014

Quando registro o que vem de dentro

Por alto, digo que parece com um panda, sorri de piadas sem graça e tem vocação para ser cantora de funk. Repito: por alto.

O por alto não deixa de estar certo, mas não deixa de ser uniforme. Ou seja, uma pessoa não é somente o que se vê por alto. Especialmente, essa pessoa.

O dia amanhecia escaldante e o parque estava lotado. Folhas secas, criança melada de picolé de morango. Inclino a cabeça para direita e encontro a "pandinha". Amanda é seu nome. Espécie rara, em extinção. Literalmente em extinção.

Amanda tem vibrações especiais, humor e carisma que ninguém no mundo tem igual. Pessoas como ela estão em extinção. 

Inclinou o joelho e começou a registrar os pássaros que pousavam nos galhos das árvores. Focava naquilo que sentimentalizava seu lado mais morno. As fotografias vinham de dentro. Elas expressavam aquilo que Amanda sentia.

Quando o registro vem de dentro, o mesmo só toca segundos quando se tem vibrações especiais, humor e carisma. Em extinção. Ninguém acha Amanda uma boa fotógrafa. Porque não existe nenhuma fotógrafa como Amanda: aquela que registra o que vem de dentro.



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