27 fevereiro 2015

Selfie-se quem puder | Camilla Custódio

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                                                      escrito pela colaboradora Camilla Custódio
É engraçado como as relações, com o passar do tempo, se tornaram artificiais. Ao menos, é o que ando percebendo quando converso com A, B ou C. Não que eles também estejam tendo a mesma percepção que eu, mas porque eles fazem parte dessas relações. Não serei petulante, pretensiosa nem hipócrita. Também faço parte, de um certo modo. Infelizmente, é o mal deste século. Pessoas mergulhadas em seus celulares, em seus mundos, acabam se esquecendo dos outros. Os que estão ali do lado. Apenas importa quem está do outro lado, que está mandando mensagens na rede social x, y ou z. O que não falta são opções de como se comunicar – virtualmente. Não apenas as redes sociais servem para trocar mensagens – em particular –, mas também para a exibição de vidas alheias. Fulano estava em Restaurante Xis há 1 hora. Ciclano está em um relacionamento sério com Ciclana. É mesmo necessário que, para um relacionamento ser sério, se tenha o aval do Facebook? Se for isso mesmo – e o pior é que, em boa parte das vezes, é –, estou completamente desiludida. O que vale é a aparência. Já cansei de ouvir: “ah, começamos a namorar, mas ele nem colocou no Facebook.” E daí? Isso é mesmo necessário? É um registro oficial-obrigatório-do-século-XXI? Existe relacionamento fora desse mundo virtual. Não precisa que sua rede social inteira esteja “curtindo” seu namoro. Às vezes, pessoas torcem para entrar numa vida amorosa só para exibir na vida online. Sim. Isso não é história da Carochinha. É real.

Será que estamos nos tornando tão carentes, a ponto de chegarmos a esse extremo? A ponto de querermos atenção virtual 24h? A ponto de querermos exibir partes de nossas vidas, para as outras pessoas verem e comentarem e “aprovarem”? A ponto de deixarmos de aproveitar certos momentos, porque estamos tirando fotos para exibirmos no Instagram? A ponto de postarmos recados anônimos em páginas criadas para esse fim? Será que estamos tão carentes assim? Se for isso, selfie-se quem puder!

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