escrito pela colaboradora Camilla Custódio
É engraçado como as
relações, com o passar do tempo, se tornaram artificiais. Ao menos, é o que
ando percebendo quando converso com A, B ou C. Não que eles também estejam
tendo a mesma percepção que eu, mas porque eles fazem parte dessas relações.
Não serei petulante, pretensiosa nem hipócrita. Também faço parte, de um certo
modo. Infelizmente, é o mal deste século. Pessoas mergulhadas em seus
celulares, em seus mundos, acabam se esquecendo dos outros. Os que estão ali do
lado. Apenas importa quem está do outro lado, que está mandando mensagens na
rede social x, y ou z. O que não falta são opções de como se comunicar –
virtualmente. Não apenas as redes sociais servem para trocar mensagens – em
particular –, mas também para a exibição de vidas alheias. Fulano estava em
Restaurante Xis há 1 hora. Ciclano está em um relacionamento sério com Ciclana.
É mesmo necessário que, para um relacionamento ser sério, se tenha o aval do
Facebook? Se for isso mesmo – e o pior é que, em boa parte das vezes, é –,
estou completamente desiludida. O que vale é a aparência. Já cansei de ouvir:
“ah, começamos a namorar, mas ele nem colocou no Facebook.” E daí? Isso é mesmo
necessário? É um registro oficial-obrigatório-do-século-XXI? Existe
relacionamento fora desse mundo virtual. Não precisa que sua rede social
inteira esteja “curtindo” seu namoro. Às vezes, pessoas torcem para entrar numa
vida amorosa só para exibir na vida online. Sim. Isso não é história da
Carochinha. É real.
Será que estamos nos
tornando tão carentes, a ponto de chegarmos a esse extremo? A ponto de
querermos atenção virtual 24h? A ponto de querermos exibir partes de nossas
vidas, para as outras pessoas verem e comentarem e “aprovarem”? A ponto de
deixarmos de aproveitar certos momentos, porque estamos tirando fotos para
exibirmos no Instagram? A ponto de postarmos recados anônimos em páginas
criadas para esse fim? Será que estamos tão carentes assim? Se for isso,
selfie-se quem puder!
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