06 março 2015

Destino: você. | Camilla Custódio


Comprei minhas passagens com destino ao seu encontro. Com toda a minha ansiedade, peguei as minhas bagagens e conferi antes de sair: estava lá, todo o meu Amor - pronto para te oferecer. Tamanho esse Amor, tive que pagar excesso de bagagem. Tentei argumentar dizendo que não era algo meu, propriamente dito, mas que seria distribuído, assim que chegasse ao meu destino. Mesmo assim, não fui persuasiva o suficiente, tive que pagar com todo o meu amor, sem pestanejar. Passei pelo detector de metais, o qual havia embutido um raio-x e detectaram borboletas em meu estômago. Os funcionários tomaram um susto e falaram: “senhorita, desculpe a invasão, mas há incontáveis…Hum…Borboletas dentro de seu corpo”. Antes que continuassem, tive que interromper: “um grande amor é a causa disso tudo. Tenham cuidado! Não é doença, mas é altamente contagioso.” Deixaram-me passar, provavelmente pensando: “é louca! Deixem-na.”
Sentei em minha poltrona, contando os segundos para que aquele avião pousasse naquela cidade. Antes de ele estar nas nuvens, eu já estava - flutuando. Quando aterrissou, senti um frio na espinha e minhas pernas estavam embambecidas. Tive que embebedar-me para dentro de mim mesma, à procura de seu Amor. Foi fácil; não é remédio, mas cura. Recompus-me, peguei as malas e um ônibus, em direção aonde você estava. Viagem longa, coração na mão. Cheguei. Mal sabia que estava perto de você. Quando notei a presença de um ser iluminado, em meio à multidão cinza, “é ele!”, pensei. Corri para o seu abraço - e que abraço! - e por lá que ainda me encontro. Sinta. Só sinta.

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