14 outubro 2015

Não se engane

Tenho aprendido muito sobre a verdade. Eu sempre tive uma boa impressão das pessoas e suas intenções, mas infelizmente, essa mania que eu tenho de achar que todo mundo é bom está completamente equivocada. Mas, prefiro falar sobre esse assunto específico mais pra frente. Vim aqui hoje porque preciso respirar em vocês.

Desde que me mudei pra Natal, percebi o quanto as pessoas são diferentes aqui, principalmente no quesito: prioridades e educação. Hoje aconteceu algo que me deixou completamente abalado psicologicamente e profundamente irritado. Acontece que, há meses, tenho trabalhado junto a uma escola (a qual não citarei o nome, porque a função do post não é essa) para promover uma Tarde Literária que consiste em bater um papo sobre literatura com os alunos e incentiva-los não somente a escrever, mas a ler. 

Depois de tanto me passarem de uma sala a outra, a equipe administrativa da escola decidiu "adiar" novamente o evento, me avisando quase um dia antes. É uma lástima ter que dizer: nós não valorizamos a literatura aqui. Para a escola pouco importa. A única coisa que realmente vale é o benefício que se volta único e exclusivamente para eles. Gostaria de ser famoso só por um dia pra ver como as coisas iriam ser muito mais fáceis. Digo isso porque alguns atores da novela Malhação (não os desmereço, muito pelo contrário) foram até essa escola x para divulgar um curso de atores e, facilmente, eles conseguiram um espaço climatizado, com luzes, cadeiras, microfones, telão. Tudo isso resolvido em trinta minutos. Mas, no meu caso, foram meses e meses de enrolação.

Como é que foi tão fácil para um e difícil para outro, se o que eu solicito é o mínimo possível e o mais simples? Simples. As pessoas dão valor ao que é visivelmente legal, bem visto pela sociedade. Isso é o que realmente importa pra eles. Não é o efeito que a ação causa, mas de quem a ação parte e que pessoa é essa. 

O pior é que isso é visto como uma coisa mais interessante acima de todas as outras. Por exemplo, parece que é bem mais interessante comer num restaurante x que todo mundo conhece, do que comer o cachorro quente da esquina. Quando alguém te pergunta: "o que fez ontem à noite?" e você responde: "fui naquele restaurante super chique", você é visto como uma pessoa que fez uma coisa incrível na noite passada, mas se você responde: "fui comer cachorro quente na esquina", parece que você não se divertiu tanto. 

É como você comprar uma camisa branca na Zara por R$80,00 e uma camisa branca na Riachuelo por R$20,00 (os preços são meramente ilustrativos). As duas são camisas brancas, mas a da Zara é sempre a mais in.

E daí você compra uma camisa de R$80,00 e ainda diz pra mim que um livro de R$30,00 é caro. Tá errado isso aí, né?

Durante minha curta trajetória como escritor, percebi que as pessoas que conheci me acharam "demais" mais pelo fato de que eu escrevi um livro do que pelo fato de eu ter a coragem de colocar a minha história para o mundo ler, de estar lutando para ela ser lida, de fazer com que as pessoas entrem ali, naquele mundo. Eu sei que o fato de você ter publicado um livro é muito legal, é mesmo! Mas não se engane. Divulgar um produto que pouco interessa às pessoas não é nenhum pouco fácil. Minha vida não é de agenda lotada, milhares de eventos. Não é assim. E, cada evento que você me ver, saiba que ele foi conquistado e não cheguei ali facilmente. 

Com relação a escola, a gente já aprende a nunca mais trabalhar com ela. 

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