27 dezembro 2015

Imagens instaladas



Hoje fui tomar banho de mar. Já estava vermelho, mas passei o protetor solar, coisa que não tinha feito anteriormente. Eram dez e pouca da manhã e me perguntei inúmeras vezes por que vamos a praia de manhã se o sol está muito mais agradável por volta das 16 horas. Não tem muita gente na praia nesse horário. Meu pai disse que é costume. Que costume é esse que as pessoas já nascem com ele? Eu não tenho costume nem de ir a praia, quanto mais de manhã. E, como vivo com minha família, não tenho o poder de escolher sempre os nossos horários.

Cheguei em casa, abri o computador e me deparei com uns comentários que me fizeram refletir sobre maus costumes que as pessoas têm hoje em dia. Não sei exatamente de onde herdaram isso, mas parece que, em suas cabeças, instalaram um chip que limitam suas perspectivas imagéticas com relação as pessoas. O ideal é que elas sejam brancas, com cabelos lisos, nariz afilado. Mas, acontece que existe no mundo uma coisa chamada pluralidade étnica, principalmente no Brasil. E parece que viver em um lugar diverso não significa saber respeitar a diversidade.

Vou explicar cruamente o acontecimento e os comentários de que estou falando. Existe uma Youtuber chamada Jout Jout: uma pessoa maravilhosa. Tomo essa conclusão (talvez precipitada) pelo que vejo nos vídeos, o que é pouco, mas por outro lado é uma grande amostra, considerando que são mais de 100 vídeos, onde em cada um há um pedaço do que é a Jout Jout e do que ela pensa a respeito de alguma coisa, nem que seja sobre o próprio pé ou sobre pessoas falando mal de brigadeiro. Nos vídeos da Jout Jout, existe uma voz chamada Caio: uma pessoa maravilhosa. Tomo essa conclusão (talvez precipitada) pelo que escuto nos vídeos, o que é pouco, mas por outro lado é uma grande amostra, considerando que são mais de alguns vários vídeos em que Caio expõe uma opinião a respeito de alguma coisa, nem que seja sobre jogos como FIFA.

Jout Jout e Caio são pessoas maravilhosas que acrescentam informações extremamente reflexivas nas vidas das pessoas que consomem os vídeos. Tudo parece maravilhoso para todas as pessoas, até que a imagem de Caio é descoberta em algum lugar. E, com isso, as pessoas descobrem que Caio faz parte do percentual de 51% da população brasileira que é negra.

Generalizando os comentários, a maioria digitou: "NOSSA! NÃO IMAGINAVA CAIO ASSIM!" ou "imaginava ele BRANCO, ALTO, COM OLHOS AZUIS". E, confiram se quiser. Foram vários comentários desse tipo.

Lá no início do texto eu disse que as pessoas idealizam uma imagem branca, com cabelos lisos e nariz afilado. E quando elas se deparam com um branco de nariz largo ou cabelo crespo, ou negro com cabelo liso, ou qualquer característica que não faça parte da sua imagem ideal, um estranhamento se acomoda nas mentes das pessoas.

Mais uma observação: na maior parte do texto usei "as pessoas", QUASE que me excluindo do grupo "pessoas". Portanto, o termo "pessoas" é usado para generalizar e, como generalizar não significa verdade absoluta, me incluo numa parte menor. O que quero dizer: não imaginava Caio branco, nem negro, nem roxo, nem de cor nenhuma. A voz de Caio me dizia muito mais que sua imagem. Todas as vezes em que o meu pensamento exerceu a função Caio ele se questionou e imaginou coisas do tipo: "O que Caio pensaria a respeito disso?"; "Será que Caio responderia isso?".

Entendo que faz parte da mente humana a necessidade de uma imagem, mas parece que isso foi perdido, especificamente no meu caso. Mas, voltando aos comentários: será que foi perdida a capacidade de criar imagens sem paradigmas pré estabelecidos? Será que isso vai mudar um dia?

Sinceramente, tenho minhas dúvidas.

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