O traço do Word está piscando há umas boas horas, esperando ao menos uma letra ser digitada. Mas eu sinto muito por mim e por você, querido. Não estou conseguindo hoje. Existe uma leve linha que separa meu dedo das palavras e, acredite se quiser: isso está me intrigando. Mas de uma coisa tenha certeza: quando algo me intriga, pode esperar que passarei horas tentando desvendar o que está ocorrendo.
Levantei da cadeira e tentei buscar uma fita crepe. A tela do meu computador está saindo, simplesmente, e ele nem é tão velho assim. Deveria sustentar um bom tempo ainda, se quisesse ser chamado de útil e maravilhoso após sua morte. Sua missão era sustentar seu trabalho, para valer a pena. Para mim e para ele, claro. Mas que droga! Aqui em casa as coisas somem do nada e só as encontro quando já não são mais úteis pra mim. Infelizmente, a tela vai ficar balançando até aparecer uma oportunidade de colar.
Penso em uma coisa, penso em outra. Nenhuma delas me parece boa. Então, decido não pensar em nada e só começar a escrever alguma coisa. Isso também não dá certo. O bloqueio criativo é mesmo uma coisa muito ruim e não tem remédio pra sair, como dor de cabeça, ou sono. Você simplesmente não sabe quando isso vai acabar. Poxa! Ainda lembro daquela vez que tomei um banho gelado e a noite estava tão silenciosa que sentei na cama e escrevi várias coisas que, no dia seguinte, continuei achando boas.
De qualquer forma, eu estou aqui teclando essas coisas só pra não deixar o Word tão chateado assim, afinal de contas, deve ser um saco ser o Word. É preciso esperar um tempo indeterminado para que saiam coisas de você. E olha que pode sair muita coisa ruim, e não tem como apagar, ao menos que a pessoa que digitou apague. Mas quer saber? por outro lado ser o Word é incrível! Quantos livros maravilhosos não saíram de lá.
Nossa... agora que parei pra refletir. Realmente, parabéns por esses textos. Estou escrevendo esse muito ruim só pra você não se achar demais, entendeu? De você também sai umas bobagens, apesar de ter saído Harry Potter.
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