03 junho 2014

Um pouco sobre preconceito literário


Quando falamos que “todos nós somos iguais” é, claro, de maneira abstrata, porque, na realidade, todos nós somos diferentes uns dos outros. Eu sou diferente de você e você é diferente de mim. Nós temos conceitos, opiniões e valores diferentes (podem até ser semelhantes, mas não iguais). O que eu acho "certo", provavelmente você não achará. Nós tendemos a olhar torto para aquela pessoa que não segue os nossos padrões, que não pensa como nós. E é justamente aí que entra o preconceito. Julgamos o outro e construímos uma opinião baseada em análises sem fundamento, sem conhecimento algum.

Nós somos, todos, cercados e encurralados pelo preconceito em suas mais diversas formas: social, racial, linguístico, literário (!) etc. Sim, o preconceito literário existe – e é mais frequente do que você imagina, seja ele de maneira direta ou indireta.

Eu acredito que todos nós já fomos julgados pelo livro que estávamos lendo – ou, quem sabe, já fomos os julgadores. É um susto quando aquela pessoa que julgamos ser "culta" está lendo, não sei, um best-seller infatojuvenil. Você se assustaria também, não é? Então, a partir dessa descoberta, começamos a fazer suposições negativas sobre essa tal pessoa: “Ah, ela deve ser fútil”, “Só deve conversar abobrinhas”, “Deve ser infantil” etc. Porém não necessariamente o intelectual que lê os clássicos da literatura brasileira é mais culto e maduro que a pessoa que lê os best-sellers. Todo livro tem a sua profundidade, não devemos apenas nos prender a superfície, devemos saber enxergar através dela.

É um fato: nem toda a sabedoria do mundo está nos livros. Ela está também na experiência de vida, no dia a dia. Do que adianta lermos tantos livros “intelectuais” e sermos tão “eruditos” se nos achamos superiores que os outros? Isso está mais para burrice. A questão não é apenas o que se lê, é como se lê.

Não devemos sentir vergonha por lermos best-sellers, devemos sentir vergonha por lermos clássicos por obrigação e para nos passarmos de “cultos”.

Eu, por exemplo, leio Fazendo Meu Filme, Cabeça de Vento, Jogos Vorazes, 1984, O Lobo da Estepe, Paulo Leminski etc. E então, o que eu sou? Uma pessoa supérflua, infantil, poetisa, culta ou intelecual? Eu sou eu, e não os livros que leio.


E você, tem ou já sofreu preconceito literário? 

3 comentários:

  1. Eu nunca tive muito esse problema. Acho que cada um deve ler o que lhe faz feliz. Eu gosto de livros de horror, de romance, de clássicos, de YAs, de policiais e infantis. Não me privo de ler nada que me desperte interesse por conta de opinião de outrem.

    Beijos,

    Tayná
    http://olhandoporai.com/

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  2. Olá,
    Já presenciei preconceito literário de uma mulher que eu não esperava. Ela era minha professora de Literatura e se rotula como culta e sábia, no entanto, mostrou-se ignorante quando passa a criticar a leitura do outro.
    Ler só é gostoso quando lhe dar prazer. Ler clássicos por obrigação é tortura e nada agradável.

    Menos rótulos e mais livros, pessoal!

    Otimo texto :)

    Beijos
    Adriano
    GeraçãoLeitura.com || http://geracaoleiturapontocom.blogspot.com/

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  3. Oi, tudo bem?
    Descobri seu blog por outro blog e já curtia fan page :)
    Concordo muito com vc ~~ Tipo, eu amo ler livros juvenis, mas também sou muito curiosa por clássicos. Sem contar que muita gente mente quando diz que os lê. Eu acho que a única coisa errada no leitor é quando ele se prende um único gênero, ou melhor, passar aceitar os gêneros. Porque literatura é algo tão diversificado que dividi-la em isso ou aquilo nunca vai ficar totalmente certo.
    Bjs
    sete-viidas.blogspot.com

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