17 outubro 2014

Cotidiano

Abre a porta, fecha a cara, senta e cumpre o dever. Sente fome cinquenta minutos após as sete e sacia com uma bala da cantina.

Todo dia, põe o pé no chão frio e levanta somente após cinco avisos do despertador. Entra no banheiro, se olha no espelho com a cara de sono. Tira remela, toma banho. Da ação cotidiana, ela não esconde, mas reserva o que há de mais puro, singelo e humano para aqueles que praticam a humanidade com ela.

Os cabelos finos não sofrem com cor, nem danos. Conserva sua mente, seu coração. Alguns se despedem e depois de uns meses voltam com pedido de perdão. Ela aceita. Alguns se vão sem pedir perdão, mas ela perdoa mesmo assim.

Ela não sabe dançar, mas segue o ritmo da sua vida. Carrega um sorriso interno, um pensamento, um ponto de vista, um nome de artista. Carrega uma cicatriz que já instalam outras memórias. E tudo começa outra vez. Abre a porta, fecha a cara, senta e cumpre o dever.


2 comentários:

  1. Adorei! Acho muito bacana pessoas que escrevem cronicas! E nossa, cê já tem um livro que bacana!! Quando tiver mais pra vender, me avisa :D
    Até mais! :*
    http://oteoremafeminino.blogspot.com.br/

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