09 março 2015

para repensar, conhecer e valorizar uma cultura | maria júlia


Estava conversando com uma amiga sobre as leituras do mês e ela começou a rir da minha cara. Não entendi muito bem o que aconteceu, até que ela me explicou… Essa minha amiga disse que eu só tinha lido livros escritos por homens. Fiquei me questionando se fazia alguma diferença. Então, ela me indicou uma autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Comecei lendo Sejamos Todos Feministas. É um discurso que a Companhia disponibilizou gratuitamente aqui. Depois li Americanah.


Em Americanah a autora retrata um cenário dividido por uma linha tênue: a paixão juvenil. A personagem principal, Ifemelu é adolescente e conhece Obinze. Em contra partida, há um governo militar tenso em Lagos destruindo o país de diferentes formas. Uma dessas formas é a educação; as faculdades entram estão em greves, professores já não recebem pelo seu trabalho, alunos inconformados… É com este clima que Ifemelu resolve se mudar da Nigéria para os Estados Unidos. Bom, é aí que a história teve um poder sobre mim. Nos Estados Unidos a personagem começa a enfrentar situações que antes não se deu conta que existia. Em algum momento do livro ela cita que só percebeu que era negra nos Estados Unidos. Porque ser negro nunca foi um tabu em seu país.

Depois que Ifemelu vai para os Estados Unidos as coisas mudam drasticamente. De várias formas. Ela sofre muito para se estabilizar, sofre preconceito, sofre por não conseguir um trabalho, sofre julgamentos. Quinze anos depois, é uma blogueira de sucesso com uma vida estável e um namorado legal. Mas, de alguma forma, sente vontade de voltar para a Nigéria para rever Obinze. (Obinze também tem uma história muito bem construída e interessantíssima).


Já tinha lido Simone de Beauvoir. Mas também já li Clara Averbuck. Ambas defendem uma liberdade feminina. A Chimamanda também. Só que de um jeito diferente. Ela é nigeriana. Aliás, tem atraído muitos leitores para a literatura africana. (Inclusive eu!). A Simone mostrava sua concepção de feminismo e liberdade segundo seu meio: França do século XX. A Clara mostra sua concepção segundo as atitudes dos brasileiros e o nosso jeito, rotina, etc. E Chimamanda nos traz uma discrição incrível de como é ser mulher. Mais do que isso, de como é ser mulher, nigeriana, vivendo num país diferente, sofrendo diversos preconceitos e situações deprimentes. A verdade é que a gente sabe que essas coisas acontecem, porém ninguém tem muita vontade de ficar narrando com palavras tão sinceras e corajosas.

Recomendo muito. Um livro que nos leva a reflexões e nos faz tentar achar meios de reverter essa situação terrível que é um regresso social. Chimamanda não apenas escreve, arquiteta uma realidade lírica; ainda que bem triste.

*Imagens tiradas do Tumblr. 

3 comentários:

  1. Olá
    Não acho que o gênero influêncie nas leituras, na verdade nunca separei livros para ler com base nisso. Já tinha ouvido falar dessa autora, uma defensora do feminismo, mas não é o tipo de livro que me atrai.
    Abraços

    www.estantejovem.com.br

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  2. Saudações Lorde Lucas,
    Assim como Lorde Paulo disse acima, nunca escolhi um livro por sua autoria. Confesso que às vezes leio a sinopse antes de me ater ao autor.
    No semestre passado fiz uma matéria chamada Gestão Pública com Foco em Direitos Humanos, que retrata em um de seus tópicos a situação feminina no mundo, a professora da matéria inclusive tem forte vínculo com grupos feministas e nos deu a visão forte do assunto. Não sei dizer se ela conhece o livro, mas indicarei a ela, graças a sua resenha!

    Venha visitar o Castelo
    Att
    The Queen’s Castle, Ana P. Maia ♛
    http://booksandcrowns.blogspot.com.br/

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  3. Hum... Parece um livro bem interessante! Eu sou SUPER feminista, e não suporto alguém que tenha um único fiapo de machismo... Adorei o post!

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