21 outubro 2015

A palavra tem poder.





Uma guerra cheia de turbulências é aquela que acontece dentro de você e não fora. Estamos lidando com pessoas que creem ser justas, mas de repente, descobrem que estão combatendo a injustiça com injustiça, morte com morte, violência com violência. Isso acontece quando a professora Gruwell (Hiraly Swank) incia seus trabalhos numa instituição que utiliza o ensino como castigo para jovens que fizeram algo, teoricamente, errado ou estão ali forçados por alguma pessoa de força maior, que exerce uma autoridade sob o adolescente em questão. 

Acontece que a humanidade ainda carrega em seu gene o mal do julgamento. As pessoas são pré-conceituadas pelo que está na superfície e não pelo que realmente são. Isso acontece diariamente e constantemente. Por mais que tenhamos avançado em questões como o final da escravidão e o fim do Apartheid, ainda é pouco. Negamos a existência do racismo, mas temos noção de que ele existe porque o presenciamos, mesmo sem perceber. 

Os jovens da Escola Wilson têm fatos amargos para contar e, ao invés de se tornarem pessoas amargas e tristes como suas vidas, decidem vingar-se dos elementos que adjetivaram suas histórias dessa forma. São pessoas que tiveram seus amigos ou familiares arrancados por nenhum motivo além do fato de serem negros. A cor negra na pele era como um rótulo para que mais uma pessoa vivesse para sobreviver. Um dia em que sobreviviam era uma vitória. Eles estavam, de fato, em uma guerra não declarada. A solução que encontraram foi formar gangues que assaltariam e se vingariam dos brancos que diminuíam os negros. 

A professora Gruwell estampava um sorriso no rosto, mas aos poucos percebia que a realidade em que estava submetida era completamente inversa a sua. Por isso, decidiu adotar um método de ensino diferente, fazendo com que os alunos gostassem de estar ali. O plano foi traçado em sua mente através de relatos dados involuntariamente pelos alunos. Mesmo sem recursos e apoio da coordenação administrativa da escola e sem professores que apoiassem suas ideias, Gruwell carregou ainda mais dois empregos para efetuar compras de livros, visitas ao Museu de Anne Frank. Com seus métodos, que não se resumem a passeios e livros, eles aprenderam que a palavra era a arma dessa guerra. 

Em um relato real e não-romântico, o filme "Escritores da Liberdade" é transparente ao ponto de imaginarmos que existe uma câmera escondida mostrando o que a mídia não interessa. Não se trata de uma ficção, mas de uma pintura, um retrato fiel de uma realidade escondida.

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