12 maio 2016

Antes de me abraçar

Olha, eu não sei muita coisa sobre signos, mas de uma eu sei: os escorpianos são muito intensos. Longe de dizer que os signos têm ou não a capacidade de compreender as pessoas, posso afirmar que ao menos nisso, acertaram em mim. Sou muito intenso. E, por conta desse fator que ainda não sei se é vantagem ou desvantagem, muitas vezes meu coração aperta ao ver as pessoas tomando atitudes desumanas no dia-a-dia, ou simplesmente carregadas de uma péssima educação, ou um péssimo humor, como não olhar para a cara de quem entra no elevador, preferir sentar em uma cadeira no ônibus que esteja longe da companhia de outra pessoa.

Vira e mexe estou bolando um jeito de exercer minha humanidade de maneira mais presencial. E foi a partir de uma tentativa de por uma das ideias em prática que acabei percebendo o espelho que cada um é do outro. É como se fossemos compostos por pedaços quebrados de nós mesmos. Somos como um espelho construído de cacos de vidro, colados um a um, pedaço por pedaço. E, às vezes, um pode se ver num caco do outro. Quando isso acontece, parece que é muito mais fácil se reconstruir. Você ganha força.

E foi com o objetivo de levar essa força, que chamei minha amiga Ana Laura para escrever, aproximadamente, vinte e sete cartas, feitas à mão, com palavras de conforto e reflexão, da maneira mais simples e menos metafórica o possível, para que as pessoas compreendessem de uma maneira mais rápida e singular. Além da força guiada pelas palavras que escrevemos, o contato físico dos abraços que pedimos reverberaram coisas boas dentro da gente, que simplesmente se materializaram nos nossos sorrisos que tiveram validade estendida.


Meu coração repousava nos sorrisos escancarados que as pessoas nos davam e se confortava nos abraços macios. A cada cartinha que entregávamos, rolava um sentimento indescritível que ficava ali, no ar. Algumas pessoas responderam: "por favor, me dê esse abraço!", poucas disseram: "não, eu não aceito" ou "eu não tenho tempo para abraços". Mas essas pessoas são as que mais precisam. Abraçamos mentalmente e recompensamos a dor do não com a enxurrada de sim que ganhamos.

O texto carregava exatamente essas palavras:
A vida exige, para a maioria de nós, a agilidade que o tempo não nos permite ter com tranquilidade. Por isso, se olharmos pelas nossas janelas, podemos observar a maratona que as pessoas percorrem para conquistarem grandiosidade em pouco tempo. Ou simplesmente nos vemos em situações de correr para sobreviver. Trabalhar muito para tirar dali o suficiente. Fazer de tudo um muito.

E, de repente, estamos correndo tanto que perdemos a capacidade de contemplar. Não paramos mais. Além disso, nosso hiper foco nos objetivos pessoais nos cegam para abraçar o outro e dar força. Isso acontece com pais que não dão carinho aos filhos, amigos que esquecem dos amigos, tias que não ligam mais. 

Gostaríamos de fazer do seu dia um dia melhor, lhe trazer um sorriso e te fazer pensar um pouco, talvez. Pare. Olhe mais para o outro. Viva.

Esperamos que você abrace essas palavras como quem abraça os objetivos e batalha para alcança-los. 

Sempre que quiser trocar palavras de bons dias, pode nos procurar virtualmente.

                                                                                                                Lucas e Ana Laura

Cada momento dessa experiência foi absurdamente engrandecedor e gostosinho. Melhor ainda foi chegar em casa, postar a foto do abraço e ler vários comentários de pessoas incentivadas à fazerem o mesmo. Saímos com a intenção de mudar o dia de algumas pessoas e acabamos mudando o nosso.

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