28 junho 2014

Nova área de Harry Potter em Orlando | Novidades

Como muitos sabem, nessas últimas semanas foram divulgadas novas atrações de Harry Potter em Orlando. Hoje pela manhã, estava lendo uma matéria no jornal "O Globo" e decidi compartilhar com vocês. É uma descrição da Fernanda Dutra que viajou a convite da Universal de Orlando. 




Atrás dos óculos de armação redonda, remendados, Harry Potter piscou, incrédulo, quando a parede de tijolos no fundo de um restaurante em Londres se abriu para revelar o Beco Diagonal — uma espécie de Dias Ferreira londrina e bruxa. Na rua estreita, havia um vaivém de gente, vestindo robes escuros e chapéus pontudos, levando corujas, poções, livros volumosos e doces coloridos. A primeira experiência do herói com o mundo bruxo também é introdução aos leitores do universo mágico criado por J.K. Rowling e transposto para os filmes. Essa parte da ficção liderava a lista de pedidos feitos a Universal Orlando Resort desde que a empresa abriu ao público, em 2010, a área temática “The Wizarding World of Harry Potter — Hogsmeade”, dentro do parque Islands of Adventure.

Quatro anos depois, o Universal Studios Florida, vizinho do Islands of Adventure, inaugura no dia 8 de julho o Beco Diagonal. Como na ficção, porém, o universo mágico se camufla dos trouxas — isto é, aqueles que não são bruxos. De dentro do parque, só vemos a Londres dos trouxas, representada pela estação de trem icônica King’s Cross. Destaca-se na paisagem conhecida, um double-decker púrpuro que, na verdade, tem três andares. No cantinho, a rua Grimmauld Place parece insuspeita a quem desconhece a série. Aguarde uns minutos em frente aos prédios para ver um bicho feioso espiando pela cortina do número 12: é Monstro, o elfo doméstico da família Black. Para entrar no Beco Diagonal, é preciso buscar um curto labirinto de tijolos atrás da estação Leicester Square. O dragão ucraniano barriga-de-ferro sentado no topo do banco Gringotes dá as boas-vindas a sua maneira. Ruge e cospe fogo.

Depois do susto, impressiona a minúcia de detalhes e as numerosas referências aos livros e filmes — dos livros de Gilderoy Lockhart na vitrine da Floreios & Borrões à vassoura Firebolt na Artigos de Qualidade para Quadribol. Durante a apresentação à imprensa que reuniu atores da série e profissionais envolvidos na construção do Beco Diagonal em Orlando, realizada semana passada, o ator Tom Felton (o vilão Draco Malfoy) aprovou a novidade.

— Os sets tinham muitos detalhes, mas não tantos. Recebíamos crianças nas filmagens e víamos que elas se decepcionavam nas gravações de jogos de quadribol, diante de telas verdes. Aqui o cenário é tridimensional. Estou há sete horas no Beco Diagonal e parece que não vi nem metade — afirmou.
Também conheceu o parque a atriz Helena Bonham Carter, intérprete da vilã Belatriz Lestrange. Junto com o ator Ralph Fiennes, (Você-Sabe-Quem, Voldemort), ela gravou cenas da maior atração do parque, guardada por duendes e dragões. A atração Harry Potter e a Fuga de Gringotes (Harry Potter and the escape from Gringotts) mistura montanha-russa e simulador, com tecnologias das mais avançadas, para recontar um dos últimos capítulos da saga. Os atores James e Oliver Phelps, os gêmeos Fred e Jorge Weasley, e Robbie Coltrane, o guarda-caça Rúbeo Hagrid, também voltaram aos seus personagens para gravar sequências da jornada entre Hogsmeade e o Beco Diagonal a bordo do Expresso de Hogwarts, outro ponto alto da nova área.


Em Londres, a estação King’s Cross tem um carrinho de malas colado a um muro sob a placa Plataforma 9 ½ (em inglês, 9 ¾) para representar a chegada dos bruxos através da parede. Virou ponto turístico. Na King’s Cross de Orlando, cores, sons e aparência simulam a estação trouxa. Mas na hora de cruzar a parede, um truque de espelhos faz com que as pessoas atrás vejam as pessoas à frente desaparecendo entre as plataformas 9 e 10.
Expresso de Hogwarts: uma das principais atrações é o trecho entre o Beco Diagonal e Hogsmeade feito de trem - Reuters / David Manning
O trem vermelho do Expresso de Hogwarts, que liga Londres à escola bruxa na Escócia, é idêntico ao usado nos filmes. Em Orlando, são três vagões com várias cabines para oito pessoas. Quando o trem começa a andar, vemos na janela uma coruja voando. A iluminação reduzida valoriza as imagens e a superfície côncava das janelas dá profundidade às cenas. Notam-se então nuvens negras tomando a paisagem e dementadores invadem o trem já fora da cidade. Somos salvos, como em “Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban”, por Harry, Rony e Hermione, que parecem estar no corredor do trem pelas sombras nas portas translúcidas.

Ao final de quatro minutos de viagem, Hagrid recebe todos na vila de Hogsmeade — e no parque Islands of Adventure, onde está a primeira área dedicada a Harry Potter no Universal. A estação de Hogsmeade é uma das novidades do espaço aberto em 2010. Para embarcar no trem nos dois parques, será preciso ter ingressos para ambos no mesmo dia. O retorno no Expresso de Hogwarts tem menos ameaças. Passamos por um trecho da Floresta Proibida, onde observamos os centauros. Depois, os gêmeos Fred e Jorge Weasley surgem voando nas vassouras e explodindo fogos.
Desembarcamos na Londres trouxa. Quando a nova área abrir para os visitantes, a Piccadilly Circus deve ficar tão movimentada quanto a original. Mas, durante a visita de jornalistas à nova área, o condutor do Nôitibus Andante, Stanislau Shunpike, podia bater papo sobre quadribol com uma cabeça de dreadlocks de sotaque jamaicano. É engraçado ouvir os dois improvisando o roteiro inspirados nas histórias de J.K. Rowling.
Stanislau Shunpike conversa com a cabeça de dreadlocks na Londres trouxa - Fernanda Dutra / O Globo
Dentro do Beco Diagonal, também é assim: vendedores fantasiados trocam ideias sobre feitiços e ensinam a fazê-los. Agora as varinhas são mais do que objetos decorativos: versões interativas sairão por US$ 45. As varinhas funcionam sobre medalhões dourados no chão do Beco Diagonal e em Hogsmeade, que ilustram o movimento a ser feito com a mão e o feitiço a ser verbalizado. Fazendo tudo certo — da pontaria da varinha ao movimento do punho — vemos objetos flutuarem, consertarem a si mesmos etc. Como na ficção, às vezes somos Rony Weasley, errando os feitiços seguidas vezes. Na prática, isso ocorre quando o sensor oculto não lê nossos movimentos. São 14 medalhões no Beco Diagonal e nove em Hogsmeade, sem contar os escondidos. Na vitrine esquerda da papelaria Escribbulus, “Wingardium Leviosa” ergue uma caneta de pena. Na da direita, teste a varinha para descobrir.

As lojas do Beco Diagonal são mais amplas e numerosas do que em Hogsmeade. Na entrada, temos a Gemialidades Weasley, conjugada com a Artigos de Qualidade para Quadribol e o Globos Mundi, um estúdio para clicar fotomontagens mágicas. Concorrem no quesito varinhas Gregorovicth e Olivaras. Madame Malkin traz os robes das casas de Hogwarts e se acopla a um corujal. Já no Beco do Horizonte, perpendicular ao Diagonal, temos a Animais Mágicos, com versões em pelúcia de Edwiges, Bichento, Canino, Bicuço e minipufes (os bichinhos rosas); logo na saída de Gringotes, damos com a Wiseacre’s Wizarding Equipment, decorada com telescópios e bolas de cristal.

Querendo se refrescar do calor da Flórida, busque a sorveteria de Florean Fortescue. Há vários sabores, mas o mais popular deve ser o de cerveja amanteigada, mais cremoso do que a bebida. Dá para tirar a prova dos nove no bar vizinho, A Fonte da Sorte, que vende não só cerveja amanteigada como duas cervejas exclusivas, a lager Wizard’s Brew e a escura Dragon Scale. Vale recorrer ao Eternelle’s Elixir, no Mercado Carkitt, que vende quatro tipos de elixires para adicionar à água de Gilly. Traduzindo para os trouxas: compram-se ampolas com sabores concentrados para diluí-los em água. Fãs da comida inglesa devem conhecer o Caldeirão Furado, com fish & chips e ensopado com molho de Guinness no menu.
Em Orlando, o Beco Diagonal se expandiu para as áreas do Mercado Carkitt e do Beco do Horizonte. Outro endereço, cenário de episódios-chave na ficção, ganhou vida: a Travessa do Tranco. Para manter o ar sombrio, os criadores fizeram-na coberta e climatizada. A Borgins & Burkes vende tudo o que os Comensais da Morte podem querer — principalmente, caveiras. Para aliviar o lado negro, o lugar tem um dos feitiços mais engraçados da área: com a varinha em punho, fazemos dançar um esqueleto gigante na vitrine. Não deixe a escuridão atrapalhar a busca pelos muitos detalhes que compõem a Travessa do Tranco. Aqui também há segredinhos e referências a descobrir.



Desde a entrada no Beco Diagonal, o banco Gringotes se impõe com suas paredes tortas de 18 metros de altura e o dragão ferido no topo. Não há dúvidas de que a maior atração da nova área está ali dentro. Harry Potter e a Fuga de Gringotes (Harry Potter and the Escape from Gringotts) adapta aos parques um episódio do último livro e filme em que Harry, Rony e Hermione invadem os cofres do banco para roubar o horcrux. É difícil não compará-la a Harry Potter e a Jornada Proibida (Harry Potter and the Forbidden Journey), principal atração da vila de Hogsmeade, dentro de Hogwarts. Por mais que a Jornada Proibida pareça atual e use tecnologia de ponta, a Fuga de Gringotes supera a atração anterior com imagens de alta qualidade (em 3D e 4K) e um sistema híbrido que combina montanha-russa com tecnologia de movimentação fluida dos carrinhos usada nas atrações de Transformers, no Universal Studios, e Homem-Aranha, no Islands of Adventure. Envolvido na concepção de todas essas atrações, Thierry Coup explica:

— Queríamos inventar algo para Fuga de Gringotes: precisávamos da emoção e da aceleração de uma montanha-russa, quando os personagens estão descendo nos trilhos do carrinho até os cofres subterrâneos. Mas também a sensação de descarrilhamento, quando somos atacados pelas criaturas que estão lá embaixo. A atração começa nos trilhos, passa por duas transições e volta ao trilho — conta Coup, vice-presidente sênior da Universal Creative, que elabora as atrações do parque.
Helena Bonham Carter em cena como Belatriz para a atração Harry Potter e a Fuga de Gringotes - Reprodução/Universal Orlando Resort
Acompanhamos Harry, Rony e Hermione a distância — os atores não quiseram gravar novas cenas, embora apareçam na atração de maneira convincente — e quem nos guia na aventura é Gui Weasley, irmão mais velho de Rony, e o duende Grampo. Nem se sente falta dos atores principais, pois, quem aparece em cena são os vilões Voldemort (Ralph Fiennes) e Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter).
Antes de ficar cara a cara com Belatriz Lestrange e Você-Sabe-Quem, os visitantes devem enfrentar filas longas. Mas não faltam atrações na espera. Até chegar à fila em si, percorremos o hall central do banco. Um lustre gigantesco ilumina o trabalho dos duendes — animatrônicos, os robôs carimbam papéis, contam moedas e até encaram os visitantes.

Em seguida, passamos pela segurança do banco: temos que tirar uma foto que depois pode ser comprada em forma de crachá de Gringotes. O trecho de fila passa pelas portas de escritórios, e estantes cobertas de livros, edições do “Profeta Diário” e retratos dos duendes mais proeminentes. Como no trem, ouvimos Harry, Rony e Hermione atrás das portas cochichando planos para invadir os cofres do banco e roubar o horcrux.

Encontramos Grampo procurando chaves de cofres no escritório de Gui Weasley, que aparece e se oferece para acompanhar o duende. Das imagens nos jornais à tela dessa cena, salta aos olhos a qualidade das projeções. Ainda no meio da fila, há um simulador despretensioso: o elevador que pegamos para descer até a área subterrânea parece descer em alta velocidade, sacudindo e emitindo sons e projetando imagens.

O cenário ganha ares de masmorra. Pegamos os óculos 3D e chegamos à área dos carrinhos. São três fileiras em diferentes níveis para garantir a visão das telas.

Não vamos revelar tudo o que acontece lá dentro, mas prepare-se para encarar trasgos e feitiços de Belatriz e Voldemort. Ter ambos em cena faz toda a diferença na narrativa. A atração, aliás, se concentra na história, com poucos baques e sacudidas. A parte mais intensa é a da montanha-russa no escuro.

Depois de escapar de Gringotes, passe na casa de câmbio do banco ali perto. Um duende animatrônico observa todos os passos dos clientes e até conversa com eles. O humor é peculiar dos duendes. Quando um rapaz perguntou quantos anos ele tem, o duende respondeu “o suficiente”. A casa de câmbio troca dólares por folhas de cheque bruxo, que são usados nas lojas dos dois parques do Universal Orlando Resort. Galeões, sicles e nuques, as moedas usadas na ficção, estão à venda somente como itens colecionáveis.

Matéria escrita por Fernanda Dutra em "O Globo". 

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